Daniel Jesus de Lima

Daniel Jesus de Lima é representante da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) no Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT) há três anos. Ele vê a cultura da água como uma questão de preservação da vida, e acredita que a política pública básica no âmbito do urbanismo é o que mais afeta a qualidade da água atualmente.

“Hoje temos o crescimento dos extremos da cidade de forma muito intensa, principalmente nas margens de reservatórios, nas regiões de mananciais, e essa política deveria ser mais adequada”, analisa. Segundo o jornal Folha de São Paulo, de 2013 até 2017 ocorreram ao menos 75 invasões em áreas ambientais às margens das represas Billings e Guarapiranga.

Lima comenta que os estudos e discussões do comitê funcionam de forma efetiva, bastando somente colocar em prática a aplicação desses estudos: “eu acho que está faltando um pouco mais da aplicação mesmo de fato dos estudos e objetivos no qual ele foi fundado”. Além disso, para ele a cobrança da água é positiva, tendo em vista que antes os membros do comitê tinham ideias, mas não tinham recursos para desenvolvê-las e agora podem aplicar tais recursos nos estudos e objetivos dos planos diretores e plano de bacia.

Para ele existe a diversidade dentro do comitê, do Estado, Municípios e Sociedade Civil, empresas e interessados, mas a aproximação da sociedade nas tarefas do comitê ainda é necessária. “Às vezes a sociedade se mostra um pouco ausente, desorganizada e até desinformada da função do comitê de bacias. Falta colocar a marca do comitê na mídia, na sociedade através das instituições organizadas, para se ter uma comunicação mais efetiva com as pessoas”.

A estrutura organizacional sobre a gestão dos recursos hídricos ainda é desconhecida, e Lima acredita que precisaria haver mais fomento por parte das prefeituras e do governo do Estado para fortalecer o envolvimento dos usuários finais da água. Já que muitas vezes a informação pelo uso da água fica restrita e as pessoas acreditam que somente a companhia de saneamento é responsável pelo uso dos recursos hídricos, mas na verdade é um contexto mais amplo.

Sendo a informação o elemento necessário para promover esse fomento por parte do governo, “é extremamente importante a gente ouvir o leigo, o usuário final (sociedade civil) e também o meio técnico e acadêmico. O grande papel do comitê é isso, fazer essa união de ideias e opiniões e ponderar todas elas com um único objetivo”.

Bruna Tastelli