Olavo Alberto Prates Sachs
Olavo Alberto Prates Sachs é diretor da Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp). Para ele, os três segmentos que compõem o comitê (estado, município e sociedade civil) precisam chegar a uma decisão final viável para todos, para que a opinião da maioria prevaleça. O sistema de votação do comitê é através de cartões que são levantados no consenso de ideias, um processo democrático em que todos possuem o direito de voto: “os prefeitos querem que os programas de seus municípios sejam aprovados, e a sociedade fica, muitas vezes, dividida entre o estado e o município, então é uma questão que precisa de muito diálogo para todos entenderem que aquilo é algo que vale a pena”, comenta.
Sachs é um grande apoiador da educação ambiental. Para ele, o grau de conscientização está mudando e a sociedade está compreendendo mais que a água é um bem finito, visto que, após a crise, todos começaram a ser mais cautelosos quanto ao recurso hídrico. Ao ser questionado sobre a eficiência, eficácia e efetividade do comitê, Sachs acredita que o comitê mostra-se bastante eficiente como grupo atuante no meio hídrico, entretanto, o objetivo final é a eficácia da ação. Para a efetividade, é necessário participação e diálogo entre os três segmentos que compõem o comitê: “acho que as pessoas que estão lá representando devem ter essa consciência de que estão cumprindo um papel importante, uma decisão que terá consequências”, adverte.
O segmento da sociedade civil é formado por voluntários, como Sachs, e ele acredita que existe dificuldade em encontrar pessoas que tenham tempo e condição para se dedicarem às reuniões do comitê. Para ele, não são assuntos interessantes para um indivíduo, mas para um conjunto ou uma associação que tenha disponibilidade de comparecer às discussões. Todo esse processo custa, desde dinheiro para locomoção até tempo que, segundo Sachs, poderia ser arcado, de alguma maneira, pelo poder público.
O comitê se subdivide em segmentos, como os subcomitês e as câmaras técnicas, que são abertos à sociedade. Em todas as etapas cumpridas, é um processo com horários de reuniões e participações de todos os membros, para que, na votação do comitê principal, a eficiência seja maior perante as pessoas presentes, com direito de todos opinarem. Sachs acredita que se essa presença no comitê fosse financiada, a participação ativa seria muito maior: “Talvez se fosse previsto um recurso para essa finalidade seria uma forma de incentivo, os (representantes) que vão são muito participativos e a troca de informações é muito rica”, constata.
E como o comitê pode ser mais eficiente? Ele afirma que sua associação têm dificuldade em indicar representantes que sejam capacitados e ainda participem ativamente: “as pessoas têm outras atividades e precisam estar preparadas para estarem aqui”. Ele traz algumas sugestões que já estão sendo instituídas, como cursos preparatórios de representantes do comitê, com chamadas online sobre a abertura do treinamento. “Temos vagas que não preenchemos porque não temos pessoas interessadas, que não sabem da importância de participar”, comenta.
Sachs diz que o melhor tratamento hídrico é aquele que não é necessário ser feito, ou seja, o tratamento da água para que ela não seja poluída, em vez de utilizar uma água degradada, tratá-la para assim deixá-la boa para consumo. Se ela não passasse por todo esse processo e pudesse ser mantida em boa qualidade nos mananciais, os gastos com tratamento seriam diminuídos e ela poderia ser utilizada de uma forma menos modificada como ocorre hoje. “Vamos evitar que se polua, e aquilo que você está utilizando para consertar, você poderia investir apenas para manter”.
Sachs aborda alternativas para a melhoria hídrica e, segundo ele, a mais viável seria a água de reúso, produzida dentro das Estações de Tratamento de Esgoto, uma água tratada para usos não nobres como lavagens de ruas, veículos e até alguns processos industriais. Atualmente essa água não é utilizada para consumo humano no Brasil, entretanto, diversos trabalhos com apoio do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra) têm sido realizados para que isso seja possível em breve.
João Pedro Voltarelli