Marcelo Sampaio
Marcelo Rodrigues Sampaio representa o Sindicato da Indústria de Mineração de Pedra Britada do Estado de São Paulo (Sindipedras) no CBH-AT. Para Marcelo, até os últimos anos, não havia uma cultura de preservação da água, mas a ideia de que esse recurso é um bem infinito vem mudando. A água deve ser vista de modo cuidadoso, porém, sem preconceitos. “Qualquer atividade existindo um potencial de poluição, por definição, já prejudica uma bacia”, comenta Sampaio.
A narrativa de urgência aos cuidados com o meio ambiente, entre eles o meio hídrico, criou-se há poucos anos, por campanhas no mundo todo contra o aquecimento global, ao dissiparem a ideia de que a necessidade de resguardar cada espaço era fundamental. “Me preocupa quando essa narrativa de urgência toma força sem uma base científica sólida”, aponta Sampaio, a respeito de como o conhecimento é muitas vezes propagado, especialmente no direcionamento do poder público para qual ideia seguir nos próximos anos de políticas.
Sampaio comenta a abertura da comunicação e a importância do diálogo dentro do comitê quanto a opiniões divergentes. “Existe uma boa vontade de se conversar sobre as coisas, você tem grupos técnicos para discutir em uma visão que possa formar políticas públicas”, afirma ele, a respeito da boa funcionalidade dentro do comitê em relação ao confronto de ideias.
“Por que não quebrar essa barreira na convivência dos indivíduos que estão ali?”, questiona Sampaio. Ele entende que é necessário regular a participação nas reuniões do comitê, mas acredita que a liberdade poderia ser maior nas relações interpessoais do plenário, para que todos tivessem o direito de entender e questionar o que ocorre com o outro, seja ele da sociedade civil ou do município. “A primeira coisa que se precisou quebrar foi a resistência das pessoas em se conhecerem, como um produtor poder receber uma ONG ou um órgão público para conhecer sua rotina”, ressalta Sampaio.
Com isso, o entendimento interno poderia ser melhorado ao mostrar os problemas relacionados àquela associação ou setor público, para, assim, chegarem a um resultado positivo para todos. Ele comenta os resultados específicos de seu setor, em que se tem uma estrutura legal para um plano a longo prazo da mineração, aprovado pelo poder público. Entretanto, uma ONG ou outras associações não possuem o dever de saber sobre os outros setores, e a ideia é compartilhar a informação para que todos estejam informados.
Um dos benefícios dessa alternativa é, segundo Sampaio, não depender apenas de um único representante no comitê para repassar à sua entidade o que vem ocorrendo, facilitando a disseminação das ideias ali discutidas. “Quando você vai fazer um trabalho de campo com os representantes do comitê, provavelmente também irão mais pessoas interessadas no assunto, e isso vai quebrando barreiras”, comenta.
Sampaio considera que a eficácia e efetividade do comitê ainda podem melhorar. A primeira estaria ligada à mudança de percepção de todos os participantes em relação ao que ocorre, e sendo aumentada, a efetividade do trabalho também evolui. “Eu não sinto que há uma adaptação a isso, e com um relacionamento mais aberto essas coisas apareceriam”, aborda.
O conceito é um diálogo mais explicativo e amplo sobre a execução da ideia formada, que poderia ter uma melhor assimilação com a informação compartilhada. Essa relação, para ele, pode ser oferecida com o relacionamento interpessoal: “Isso vem, simplesmente, das pessoas estarem conversando sobre aquilo e entendendo o que significa”, ressalta.
João Pedro Voltarelli