Lilian Peres

Lilian Peres trabalha na gestão de recursos hídricos na Divisão de Programas e Projetos de Qualidade Ambiental da CETESB. Desde 2015 faz parte da Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CTMH) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT).

Ela aponta que, além da preservação em ambientes naturais, há necessidade da recuperação da qualidade da água nos ambientes urbanos: “nas áreas muito urbanizadas de forma desordenada, precisamos ter essa atitude de recuperação, com a consequente proteção da água, para que não haja novamente comprometimentos.”

Uma das formas de manter a qualidade da água é através do cuidado com as Áreas de Preservação Permanente (APP), instauradas pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012 do Código Florestal, que visa a proteção de áreas rurais ou urbanas ambientalmente vulneráveis. Entre os diversos locais protegidos estão as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, o entorno dos reservatórios artificiais – decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais –, e também o entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes.

Os recursos arrecadados com a cobrança pelo uso da água (Lei nº 12.183, de 29 de dezembro de 2005) é destinado à programas, projetos, serviços e obras, de interesse público, da iniciativa pública ou privada, definidos nos Planos de Recursos Hídricos, aprovados previamente pelos respectivos Comitês de Bacia e pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Lilian menciona a questão da cobrança como um fator importante e entende que, quando não há cobrança pelo uso da água, as pessoas gastam como se fosse um bem infinito. “As pessoas vêem a cobrança como mais um imposto, uma taxa, e isso é falta de comunicação”, constata.

Ela acredita que é preciso promover, primeiramente, uma integração com a área de comunicação interna do comitê, já que não há profissionais da área na equipe. “Temos muita informação, mas não temos acesso, se a gente tivesse um sistema que pudesse integrar tudo isso seria importante”. 

Por exemplo, há vários órgãos que monitoram a qualidade das águas, mas muitas pessoas não sabem de sua existência. Caso houvesse um método que transmitisse a informação de maneira clara e atrativa ao usuário, fazendo com que ele percebesse que as consequências de suas ações causam impacto nesse controle de qualidade, haveria progresso no processo de conscientização social. Além disso, a partir do momento em que o usuário tem essa consciência e percebe que os serviços relacionados aos recursos hídricos não estão sendo executados da maneira como deveriam estar, há uma cobrança da sociedade. Portanto, para Lilian, é necessário sensibilizar a sociedade para que passe a associar a água ao bem-estar social: “Falta essa cultura de tratar, não só a água, mas o meio ambiente em geral de uma forma mais cuidadosa”, complementa.

Bruna Tastelli