Hélio Rubens Figueiredo

Durante a década de 1990, Hélio Rubens Figueiredo participou na instalação dos Comitês de Bacia Hidrográfica da época, incluindo o do Alto Tietê. No período, foi Presidente do comitê e, atualmente, é representante da Sabesp. 

Para Hélio, o comitê é uma associação importante no sentido de dar um valor econômico para a água, embora reconheça que ela vai além da área financeira, sendo um item essencial para a sobrevivência dos indivíduos, uma necessidade básica ligada à vida. “A associação com essa questão econômica, de cobrança pelo uso, é um elemento importante no sentido de você ter instrumentos para fazer a gestão dos recursos hídricos”, avalia.

Na região metropolitana de São Paulo, a concentração populacional pode levar a uma série de questões que a política hídrica atual pode não conseguir suportar, em função da elevada demanda de recursos. “Como garantir o acesso ao saneamento?”, reflete. “A própria ocupação urbana dificulta a implantação de um recurso regular. São desafios que devem ser vistos e não devem ficar única e exclusivamente nas empresas de saneamento. É preciso ter recursos públicos para garantir a universalização dos serviços essenciais”, analisa.

Nem sempre existe a consciência necessária sobre o uso da água, e assim há a necessidade da aplicação de mecanismos que possam coibir, de modo eventual, os usos inadequados ou irracionais da água, como na agricultura, por exemplo. A prática é um dos maiores impulsionadores da economia do país e, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2017 a agricultura e o agronegócio representaram 23,5% do produto interno bruto (PIB).

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a quantidade de água utilizada somente na agricultura do Brasil beira os 70% do consumo total, enquanto que 20% corresponde à indústria e 10% é voltado para o consumo doméstico. Além disso, segundo dados da Unesco, o país é um dos maiores consumidores de água na produção agrícola de commodities voltadas para a exportação, enviando cerca de 112 trilhões de litros por ano de água, o equivalente a 45 milhões de piscinas olímpicas.

Os dados demonstram que a produção de alimentos é o setor que mais consome água. “Se você deixa as pessoas com o uso indefinido, sem impor condições que reflitam e melhorem o uso da água, podemos ter mecanismos de irrigação que utilizam uma quantidade desnecessária”, avalia. Segundo Hélio, uma das soluções é a cobrança pelo uso e a racionalização da água. 

Flávia Gomes Gasparini