Cristiane Lima Cortez

Cristiane Lima Cortez é assessora técnica do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e representa a sociedade civil no comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.

Cristiane menciona a crise hídrica de São Paulo, que aconteceu entre 2014 e 2016, como um despertar da sociedade para a importância da água. Mas, apesar da preocupação com a falta desse recurso, Cristiane não percebe uma mudança efetiva nos hábitos das pessoas. “Nós moramos num país que tem reserva de água doce, então vivemos aquela cultura de que nunca vai faltar água”, comenta.

O Brasil contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta e está entre os países que fazem parte do Sistema Aquífero Guarani (SAG), que tem área total de 1.194.800km², sendo 840.000km² apenas em território nacional. Mas, por mais que haja essa abundância, fazer com que cada indivíduo tenha acesso à água limpa e potável é um desafio, até porque, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a demanda por água no Brasil aumentou 80% nos últimos 10 anos e o órgão prevê um aumento de 24% dessa demanda até 2030.

Cristiane fez parte de um grupo técnico de gestão de demandas dentro do comitê durante a crise hídrica de São Paulo, que discutia propostas e ideias para serem colocadas em prática para amenizar aquela situação emergencial. Diante disso, ela percebeu que a maioria dos municípios ainda não têm políticas públicas voltadas para uso racional da água, sua reutilização etc. “Eu entendo que essa gestão da demanda por água precisa ser reforçada, porque a nossa água está vindo de cada vez mais longe, e as políticas funcionariam melhor se partissem dos municípios”, comenta. Portanto, colocar em prática a educação ambiental fortalece o papel do comitê e a participação da sociedade.

Há três câmaras técnicas no comitê que tratam de demandas específicas, são elas: Gestão de Investimentos, Monitoramento Hidrológico, e Planejamento e Articulação. Seus representantes são, muitas vezes, os mesmos das instituições que fazem parte das decisões tomadas em conjunto nas reuniões plenárias, mas Cristiane acredita que deveria haver mudanças. “Se viesse uma outra pessoa para representar aquela mesma instituição, talvez ela trouxesse outra experiência, um saber mais prático ou teórico, ou da academia ou do dia a dia. Esses olhares diferentes enriqueceriam muito mais as decisões tomadas”, pondera.

Para ela, o comitê é eficiente, mas o resultado não é sentido de imediato pela sociedade, e com frequência as pessoas não conhecem suas atividades: “há um desconhecimento muito grande sobre o que é o comitê e o que é deliberado lá. Algo precisa ser feito para melhorar isso para que haja efetividade”. Um dos meios para alcançar efetividade, segundo ela, seria investir em comunicação, formando uma relação de proximidade com a população em geral, já que o comitê deve ser um porta-voz da sociedade.

Bruna Tastelli